terça-feira, 24 de maio de 2011

Fisioterapia 'lá em baixo'??

A minha primeira consulta com a psi foi em Março deste ano, uma longa primeira consulta... 

Pensava que ia chegar lá, dizia o que tinha a dizer rápido, rápido e já estava. Mas não, demorou mais do que uma hora...

Na minha primeira consulta com a psi ela foi muito simpática e querida e fez-me sentir confortável ao falar de coisas que, à partida, não o são. Falei de mim enquanto 'Sofia' e de mim enquanto 'Sofia com vaginismo'. Fez-me desconstruir  a ideia que a minha higiene mental em relação à sexualidade não era assim tão perfeita como poderia pensar e que realmente isto da sexualidade tem uma complexidade que escapa à minha busca demasiado racional dos 'porquês',  'quandos', 'ondes' e 'comos'...


Foi nessa consulta que me apercebi como o toque doloroso da ginecologista foi traumático e contribuiu para o 'fantasma' do vaginismo. Não que eu, antes de ir à ginecologista, não tivesse vaginismo, mas era naquela dor - aquela que senti na cadeira da ginecologista - que me vinha à cabeça quando pensava em penetração. 

Falamos dos meus 'exercícios' on my own para tentar combater o vaginismo e que não levaram a lado nenhum... 

Falamos da minha vida sexual em casal... 

Foi interessante a psi constatar que eu cheguei lá e não me queixei que não tinha sexo, mas sim que não conseguia ter penetração (apenas e só). A minha vida sexual era (e é) muito boa e saí da consulta a relembrar-me como isso é fabuloso... E como tenho que valorizar o marido maravilhoso, fabuloso, extraordinário, espetacular, ... que tenho!

Outra ideia que me marcou foi a metáfora informática que a psi usou em relação à necessidade de eu desinstalar o meu software actual (para o qual a penetração era uma impossibilidade) e ter que instalar um software novo que iria ser criado nas consultas com a psi e... com a fisioterapia!!!

Aí estarreci!! 

Ok, tentei manter aquele meu ar de 'tudo normal', 'tudo absoloutamente normal', 'não devo estar a perceber bem...' ... Mas, esperem aí? 

Fisioterapia na 'coisa'? 
Lá em baixo? 
A sério, na minha vagina? 
Aquela que já funciona tão malzinho? 
Não acredito...

Mas era mesmo. 

Saí da consulta com o contacto de uma fisioterapeuta que trabalha numa clínica de ginecologia. 

A psi explicou-me que iria ser muito bom fazer 'os exercícios' acompanhada por alguém que me ajudasse e que me diagnosticasse. 

Era importante saber se a minha contracção era voluntária ou involuntária, se impedia total ou parcialmente a penetração, no fundo saber como andava o meu pavimento pélvico. 

O tratamento para o meu vaginismo passava, portanto, pelas consultas com a psi e pela fisioterapia. 

Esta foi a minha primeira consulta com a psi e fui logo aconselhada a começar com a fisioterapia, mas nem todos os casos de vaginismo são assim. 
Por vezes, é necessário ter mais consultas com psis antes de se estar 'preparado' para passar para a fisioterapia... 
E, não sei bem dizer, mas talvez haja caso que mulheres com vaginismo que apenas precisam de fisioterapia...

Acreditem que eu achava mesmo que não estava preparada e que a psi se estava a precipitar e a ver algo em mim que eu não conseguia ver... Felizmente, a razão estava toda do lado dela... :-)

A primeira consulta com a fisio foi em Abril (demorei a marcar, porque entretanto não podia mesmo, não foi para adiar, juro!!) e correu muito bem.

Explicou-me tudo direitinho e fez-me sentir que não ia ter dor. 

Aprendi coisas novas como a discussão se o vaginismo é uma contracção voluntária ou involuntária. (Note-se que ser voluntária, não quer dizer que seja totalmente consciente e intencional, mas sim que pode ser trabalhada porque há possibilidade de trabalharmos os músculos...)

Aprendi o que é a fisioterapia para o tratamento do vaginismo, que músculos se trabalham (o tal pavimento pélvico), o que se faz nas sessões... É mesmo 'hands on'... Ainda estava com a esperança que fossem exercício que se fizesse vestida, contraindo os glúteos ou a as coxas, eu sei lá...

A fisio vai introduzindo progressivamente a polpa do dedo, uma falange, duas falanges, o dedo inteiro, fazendo movimentos de alongamente para os lados e para baixo (sim, continuo a falar da vagina). 
Tudo isto ao nosso ritmo. 

Por exemplo, nesta primeira sessão, não houve introdução. Apenas (depois de muita conversa) houve observação e palpação externa, ou seja toque em toda a zona à volta do orifício vaginal e no períneo. Isto tudo foi feito com um espelho à frente para eu trabalhar a visualização. 

Claro que foi muito desconfortável, mas, e como prometido, sem dor nenhuma. 

A primeira sessão foi muito importante para eu perceber que só acontece o que eu deixar que aconteça e isso foi muito importante para mim.

E depois, há os 'trabalhos de casa'. Todas as sessões trago exercícios para fazer em casa.

Na primeira sessão tinha que tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina e ir fazendo as contracções e descontracções. Como isso me custou na altura. E como me parece, hoje tão inacreditável que me tenha custado tanto!! E ainda bem...

Como este post está a ficar enorme acabo por aqui.
No próximo, conto como foi a minha segunda sessão com a psi (que foi mesmo no dia anterior à segunda sessão com a fisio) e as quatro sessões de fisio que fiz entretanto... 

Só uma antecipação, já consigo introduzir o dedo todinho e sem desconforto nenhum... :-))))

2 comentários:

  1. Olá Sofia... Eu Também passei por isso! Estou praticamente de alta da fisioterapia! Simmmmmmmm!!! Eu consegui!!!! Já relação sexual com penetração. Devo muito isso à minha fisioterapeuta Dra Fernanda Pacheco. Super indico! A clínica dela fica no centro do Rio de Janeiro.

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  2. Olá Anónima!
    Isso são excelentes notícias :)) Muitos parabéns!
    Não me vou esquecer do nome da fisioterapeuta Dra. Fernanda Pacheco.
    Muitas felicidades
    Beijinho do outro lado do oceano :)

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