terça-feira, 10 de maio de 2011

O que é o vaginismo?

O título deste blogue é vaginismos (no plural) e não vaginismo (no singular) porque acredito que não se pode falar no vaginismo como algo abstracto.

Ele abarca situações muito diferentes que vão desde mulheres que conseguem introduzir tampões ou fazer exames ginecológicos até mulheres em que não entra nadinha.

Mesmo o facto se se definir o vaginismo como uma disfunção sexual feminina (há autores que acham que é exagerado chamar 'disfunção' ao vaginimo) não é consensual e, aprendi há pouco tempo com a minha fisioterapeuta, que também não é consensual que a contracção que ocorre impedindo ou dificultado a penetração seja, necessariamente, involuntária.

O que é uma boa notícia! Se fosse tão involuntária como o batimento cardíaco não teríamos a mínima hipótese de a controlar.

Fisicamente o que acontece é que aqueles músculos todos à volta da vagina e do períneo contraem de tal modo que impedem ou dificultam a penetração, 'fechando' (muito ou pouco dependendo do caso) a vagina. E por muito que se queira 'relaxar' não se consegue. Mesmo desejando a penetração.

Também em relação às causas, elas são muito variadas. Há os casos mais graves (e menos frequentes) de abusos sexuais e situações extremamente traumáticas até aos casos mais 'simples' de desconhecimento do nosso corpo. O medo, a antecipação da dor, a culpa, etc... são factores que podem causar e/ou estar aliados ao vaginismo.

Os mitos que rodeiam o vaginismo são o que me deixa mais incomodada e irritada.
Entre outros, defender que as mulheres com vaginismo não têm prazer, orgasmos, líbido, não se excitam como as 'outras', têm problemas de intimidade, não têm vida sexual, etc... é não perceber mesmo nadinha disto e contribuir para muitos mal-entendidos...
Sim, podemos ter esses problemas como mulheres e seres humanos que somos, mas não necessariamente por termos vaginismo!

Também podemos achar que não interessa saber a causa ou a origem disto. Nem sequer a sua definição ou os mal-entendidos.
O que interessa, a meu ver, é que cada uma de nós resolva esta situação.
Percebendo mais ou menos como, porquê e aonde aconteceu, o importante é encontrarmos o processo certo para nós. Acho!

Por exemplo, para mim, é importante tentar saber porque é que isto me aconteceu.
Ironia do destino, chego à conclusão que essa mesma necessidade de perceber o que me aconteceu poderá estar relacionada com a origem do meu vaginismo...
Mas isso fica para outro post.

7 comentários:

  1. Muito interessante esta sua dissertação sobre o vaginismo, sobretudo porque muitos veículos de informação não têm este espírito crítico, e acabam por ser contraproducentes na medida em que muitas mulheres vagínicas só reforçam mais a ideia de que são "disfuncionais" e, com isto, a baixa auto-estima e o desconhecimento de si próprias :) Obrigada por partilhar este ponto de vista mais aberto e com o qual me identifico e defendo :)

    Beijinho

    ps: a ver se leio os posts todos!

    ResponderEliminar
  2. Obrigada eu! E, vá lá, não é uma dissertação ;)... O teu comentário, Raquel, faz-me lembrar algo que a psi abordou numa das sessões: o facto do vaginismo estar classificado como uma disfunção sexual e não como uma fobia.
    Dá que pensar...

    ResponderEliminar
  3. ola .....eu nao tenho certeza mas acho q tenho esse probleminha...acabei de casar esta super dificil a penetraçao ...nao sei o q fazer

    ResponderEliminar
  4. Olá Anónimo!
    Eu acho que a primeira coisa a fazer é procurar a ajuda de um/uma ginecologista. Só assim, se poderá saber se fisiologicamente não há nada que esteja a dificultar a penetração. Caso o check-up ginecológico esteja ok e um diagnóstico possível seja o vaginismo é que se pode avançar para a psicoterapia...

    Boa sorte!

    E claro que é importante encontrar um/a ginecologista competente e que esteja sensibilizado para situações como o vaginismo...

    Quero notícias! :)

    ResponderEliminar
  5. Olá Sofia, fico contente por saber que existem pessoas em portugal a querer falar sobre isto. Bem, eu descobri à cercade 1 mês que tenho isto, descobri por mim própria de tanto ler, procurar soluções, fui vista por 3 médicas e tudo dizia que eram problemas da minha cabeça, como por exemplo: não te sentes confortável com o sitio onde estás.. não confias na pessoa com quem estás ...
    Pois bem, eu continuei na minha busca, e à cerca de um mês em conversa com uma especialista da área da saúde e que por acaso me dá aulas ela falou me desta perturbação e mandou me pesquisar e ler e realmente encaixa-se em tudo o que sinto. Marquei consulta na minha médica fiz exames e a técnica do laboratório disse-me logo o que era.
    Neste momento preciso de encontrar profissionais competentes nesta área.
    Obrigada
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Sofia, será que podia partilhar como decorreu o seu tratamento? Encontrou alguem que a ajudasse? Criei um blog sobre o assunto visto que em Portugal é muito pouco falado.
      http://vag-quemmandasomosnos.blogspot.pt/

      Eliminar
    2. Já respondi por e-mail Sofia!
      Beijinho

      Eliminar