quarta-feira, 11 de maio de 2011

Va-gi-nis-mo??

Foi-me diagnosticado formalmente vaginismo por uma ginecologista, após a introdução (muito dolorosa) do dedo da médica durante o exame. Mas a minha história começa muito mais cedo.
Claro que é muito difícil (senão impossível) perceber o momento exacto do aparecimento do vaginismo.

Fazendo um esforço para relembrar experiências penso que a primeira vez que senti algo que se pudesse assemelhar ao vaginismo, foi quando, por volta dos 14 anos, tentei introduzir um tampão sem sucesso. Sem dor, mas com a sensação de encontrar uma parede e não um canal.
Fui à ginecologista por causa disso e (ERRO 1) ela aconselhou-me a ir tentando e relaxar. Infelizmente não me ensinou a introduzir o tampão. É que poderia ser o início do vaginismo, mas poderia ser apenas falta de jeitinho. :-)

Quando senti vaginismo 'a sério' (ainda sem o denominar porque desconhecia o termo) foi quando tentei a minha primeira relação sexual com penetração. A mesma sensação de esbarrar contra uma parede. Pensei que era ansiedade, stress e como nunca reduzi o contacto sexual à penetração não me preocupei muito e pensei que iria acontecer naturalmente. Mas não.

Quando casei e continuei sem conseguir penetração aí sim, entrei em pânico. Realmente passava-se algo. Foi só passado 6 meses e depois de procurar tudo o que havia na internet sobre situações semelhantes que procurei a minha ginecologista. Pensei, sinceramente, que a minha vagina deveria ser mais fechada do que a maioria e teria que me submeter a uma  intervenção cirúrgica ou algo parecido. Nunca me ocorreu que pudesse ter vaginismo. Mas tinha.
Falei com a médica do que se passava (tentando ultrapasar a vergonha e o facto de me sentir totalmente uma 'alien') e ela disse-me que me tinha que examinar. E examinou. E daí a introdução do dedo e uma dor horrível. Até hoje tendo a associar essa dor com todas as tentativas de penetração. É que antes da consulta ginecológica eu não conseguia, mas não me doía. Depois veio o diagnóstico do vaginismo.

Va-gi-nis-mo?? Então é 'só' psicológico? Que coisa estranha, então o meu corpo é normal? Como é que não consigo fazer uma coisa tão 'natural'?). Era 'só' medo e, segundo a médica, tinha que relaxar que as coisas naturalmente iriam acontecer. Deu-me um relaxante muscular para tomar antes das tentativas de penetração (ERRO 2).

E eu tentei várias vezes que as coisas acontecessem naturalmente. Não acontecia nada e todos os contactos sexuais estavam-se a tornar tensos porque tentávamos e não conseguíamos, tentávamos e não conseguíamos. E eu não conseguia esquecer a dor que tive na cadeira ginecológica... Até que optamos por não tentar mais e viver a nossa sexualidade (que sempre foi cinco estrelas) sem a tentativa de penetração. Claro que isto não quer dizer que me deixei de preocupar, mas tentava não me focar no que não conseguia fazer e centrar-me no que conseguia. E não sabia a quem pedir ajuda. Não queria ir outra vez à ginecologista (ERRO 3). Agora sei que deveria ter tentado ir a outra ginecologista ou médico. Andei quatro anos nisto.

Felizmente, há pouco tempo, em consulta com uma médica, que me conhece desde pequena, coloquei a vergonha de lado, falei do meu problema e ela indicou-me uma psicóloga MARAVILHOSA que, por sua vez, me indicou uma fisioterapeuta EXTRAORDINÁRIA. A sério, de repente, comecei a acreditar que vou resolver isto e poder adicionar a 'clássica' e a 'dada como adquirida' penetração à minha actividade sexual.  Tem sido uma aventura!

4 comentários:

  1. É extraordinário como, em circunstâncias tão diferentes, me identifico tanto com a sua experiência: trata-se mesmo de acreditar! Aliás, depois de "encarar o touro pelos cornos" que é como quem diz, enfrentar o problema de frente, resolvi mais rápido do que estava à espera, numa mistura de exercícios diários (inserção unidigital e bidigital) e uma espécie de prolongamento adiado das consultas que tinha tido à meses numa psicóloga, mas em conversas com o meu amor... A achar que não estava a progredir assim tanto, mas estando de facto a progredir aos poucos e a dessensibilizar (e a crescer por dentro) aconteceu NATURALMENTE! Lá está, trata-se de encontrar o caminho certo para nós :)

    Beijinho!

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  2. Totalmente de acordo, Raquel. Muitos beijinhos. É tão bom ter-te por cá... :)

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  3. Obrigada pela partilha Sofia. Leitura, após leitura do seu blog vou sentindo um pouco mais de esperança...

    Beijinho

    JSC

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  4. Ainda bem, JSC!
    Eu sou a prova viva de que só se pode ter mesmo esperança! Não há razões para desesperar!
    Beijinho!

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